quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Como gerar riquezas aproveitando a "Crise"?

Um excelente artigo de Márcio Pochmann nos mostra como se desenham os caminhos que atualmente governam os mercados. Um comportamento que segue a lógica da lei da oferta e da procura baseado nas commodities e num realinhamento da política industrial interna. Vamos ao artigo:

Marcio Pochmann: Crise global abre oportunidade para país recuperar a indústria


Industria14
Depois de absorver o impacto do recuo dos preços internacionais das commodities, país precisa se voltar para a elevação de valor agregado em produtos primários e para a substituição de importações.
Marcio Pochmann, via RBA em 17/1/2016
Um efeito direto da crise de dimensão global iniciada em 2008, que estabeleceu novo regime de baixíssimo crescimento econômico no mundo, é a mudança expressiva nos preços relativos de bens e serviços. O mais evidente disso é perceptível na trajetória dos preços das commodities, os bens primários associados aos recursos naturais e intensivos em mão de obra barata.
Nos anos 2000, por exemplo, o preço médio do conjunto dos produtos primários subiu quase duas vezes mais que o preço médio em dólar dos manufaturados. Em grande medida, o efeito China foi fundamental para explicar tanto a inundação global da oferta de bens manufaturados de menor preço, como a crescente demanda por produtos primários no mundo.
De um lado, as nações exportadoras de manufaturas tiveram de acomodar para baixo os preços dos seus produtos frente ao avanço da oferta chinesa com menor custo. De outro, os países vendedores de produtos primários assistiram à demanda e aos preços subirem consideravelmente, melhorando a balança comercial e favorecendo os governos não liberais a adotar políticas de crescimento econômico com distribuição de renda, sobretudo, do trabalho.
No século 18 e, em grande parte do século 19, a Inglaterra exerceu a função quase monopolista de exportadora de produtos manufaturados, assim como grande compradora dos produtos primários. Naquela ordem internacional, a expansão do mundo capitalista associava-se à dinâmica da economia inglesa, seja no auge, seja no descenso, como na longa Depressão entre 1873 e 1896 que consolidou a industrialização dos Estados Unidos e Alemanha.
Nesta segunda década do século 21, a desaceleração chinesa é fruto da grave crise de 2008, iniciada nos países ricos, cujo efeito principal foi a imposição do regime de contida expansão econômica mundial. Por consequência, a diminuição das exportações dos produtos manufaturados chineses, bem como a demanda cadente por produtos primários.
Com isso, o preço médio em dólar das commodities caiu 1/3 após a crise de 2008, enquanto o conjunto das manufaturas manteve estabilizado o preço médio. O reflexo direto da mudança nos preços relativos foi a queda no valor das exportações nos países vendedores de commodities.
Os países que têm inserção no comércio mundial de produtos primários absorveram o impacto da queda dos preços em suas contas externas e internas. Inicialmente buscaram deslocar, quando possível, a fonte do dinamismo externo para o interno, por meio de políticas anticíclicas.
Mas a prevalência do regime de baixo dinamismo na economia mundial levou à exaustão o uso da política econômica comprometida com a sustentação do ritmo de produção e, em consequência, do nível de emprego. Dificilmente encontra-se atualmente algum país exportador de produtos primários em boas condições econômicas.
Isso vale tanto para a Rússia, maior exportador de petróleo, quanto para o Chile, grande vendedor de cobre no mundo. E o Brasil não se manteve diferente desta condicionalidade imposta pela grave crise de dimensão global.
A mudança nos preços relativos provocada pela crise econômica internacional não deveria ser vista apenas enquanto descrição de parte importante dos problemas que atingem o Brasil, mas sim como potencial a ser mais bem explorado para uma nova base de sustentação do crescimento econômico. O que implicaria a adoção de um verdadeiro programa de reindustrialização, com a elevação do valor agregado nos setores produtores de commodities e a substituição das importações.
A ampliação do conteúdo nacional da produção brasileira pressupõe mais do que discurso. Necessita vontade e força política para fazer convergir o que resta da burguesia industrial com o movimento progressista em torno de um programa com começo, meio e fim.
Fonte: http://limpinhoecheiroso.com/2016/01/19/marcio-pochmann-crise-global-abre-oportunidade-para-pais-recuperar-a-industria/. Acesso em 20Jan2016.

Momentos de Crise ou de Transformações ?

Estamos em um momento de transformações; novos paradigmas estão se desenhando. Uma tendência que não começou agora, mas que já está em transformação há algum tempo; o perfil do mercado, dos profissionais e as próprias organizações está exigindo uma nova relação de trabalho e uma nova postura no desenvolvimento profissional. Profissões novas estão se desenhando, algumas outras desaparecendo, o estilo de vida das pessoas também sofrendo mudanças. Aí, quem não percebe isto vê tudo como apocalíptico. 
Nossa "zona de conforto" está sendo confrontada e inovar passa a ser a nova política; inovar nas relações econômicas, inovar na qualificação e na entrada no mercado de trabalho; empregos formais se transformando em um novo modelo, onde profissionais tornam-se produtores e desenvolvedores de sua próprias redes de relacionamentos. Recursos outrora abundantes, não mais o são tanto na área econômica como na própria natureza das coisas - crise hídrica, valorização de mercados pouco tradicionais, transformações no clima etc. Modelos de mobilidade sendo "quebrados" com o surgimento de outros - vide modelo Uber, que passará a compartilhar o mercado com um segmento que nunca se preocupou em inovar - os táxis. Esta é a dinâmica social e econômica que não estaciona; tem seus momentos de calmaria, mas de repente, quando novas condições são satisfeitas, retira todos da "zona de conforto" e obriga-os a inovar para poder sobreviver. A isto muitos, comodamente, chamam de crise e permanecem apáticos vendo o trem da história passar; outros, inovadores, aproveitam para criar e gerar riquezas.
Aonde você pretende chegar ? É tempo de decidir. E para decidir é preciso ter-se alternativas; tais alternativas podem ser criadas se encararmos de frente os desafios que não são apresentados.
Mãos à obra que o futuro é seu, só você terá ferramentas para construí-lo melhor ou melhor conforme as circunstâncias presentes.

J. Aguiar - Jan/2016